terça-feira, 21 de julho de 2015

Forças adversas espalhadas pelos ares

Onde vamos encontrar os instrumentos para recompor a Cristandade? É possível recompor a Cristandade? Onde vamos encontrar forças para manter nossas famílias num mundo católico se “devemos combater as forças adversas espalhadas pelos ares”?

Pelos ares? Que forças são essas de que nos fala o Apóstolo, forças do mal, que nos ameaçam pelos ares? Vamos reler esta passagem do cap. VI da Ep. aos Efésios:

“Porque nós não temos que lutar contra a carne e o sangue e sim contra os príncipes e  poderosos, contra os governadores deste mundo de trevas, contra as ondas iníquas espalhadas pelos ares”.


Os comentadores atribuem estes ataques aos demônios e traduzem príncipes e potestates como sendo parte da hierarquia dos anjos maus, por “principados e potestades”. São Tomás de Aquino explica que se deve entender assim estes termos porque o diabo é o mandante, a causa principal, tendo o poder de atacar os homens com forças tão estranhas que são chamadas pelo Apóstolo de “spiritualia”, ou seja, forças imateriais, ondas, que causam dano maior do que as tentações da carne, ondas contra as quais só conseguiremos resistir com a armadura de Deus.
Mas hoje, vivendo neste mundo de alta tecnologia, podemos perfeitamente entender o que sejam estas ondas imateriais que atravessam os céus (in caelestibus) e que são comandadas pelos poderosos deste mundo de trevas que é o nosso. Parece-me portanto lícito e importante traduzir os termos “principes et potestates”  com seu significado próprio que é de “príncipes e poderosos, e incluir nesses “príncipes e poderosos” os que controlam esse mundo da Informação, das ondas que atravessam os céus. Para São Tomás, os únicos nomes de anjos que poderiam servir tanto para os anjos bons como para os demônios seriam os Principados e Potestades, por esta razão nomeados aqui. Mas a explicação do Doutor Angélico confirma a participação dos homens maus nesta passagem de São Paulo: 

“Eles são, portanto, poderosos e grandes e por isso possuem um grande exército contra o qual deveremos lutar, contra os governantes deste mundo de trevas, a saber, dos pecadores.” (São Tomás de Aquino, Comentário sobre Efésios, Cap.VI, leit.3)


Isso tudo leva São Paulo a indicar o uso de uma armadura como único remédio contra o ataque final do demônio, que não seria pelos pecados da carne, pelos pecados próprios ao corpo humano. E devemos ligar esta grave advertência à grandeza do que o Apóstolo dizia no cap. 5,8:
“Outrora éreis trevas, agora sois luz no Senhor. Andai como filhos da luz, porque o fruto da luz consiste em toda a espécie de bondade, de justiça e de verdade, examinando o que é agradável a Deus; e não tomeis parte (nolite communicare) nas obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as. Porque as coisas que eles fazem em secreto, vergonha é até o dizê-las. Mas todas as coisas que são condenadas são postas a descoberto pela luz, porque tudo o que é manifestado é luz. Por isso a Escritura diz: Desperta, tu que dormes e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará.”
E São Paulo completa esta maravilhosa passagem dizendo que devemos “recobrar o tempo porque os dias são maus”.
Não nos basta assistir à missa tradicional, e depois viver desatentos diante de todas estas coisas que nos devoram por dentro e que fazem parte de nossas vidas, hoje, querendo ou não querendo. Temos que conviver com o monstro dentro de casa, na rua, no trabalho, na escola. E se nos demorarmos dormindo, seremos transformados em estátuas de sal. A Sodoma e Gomorra de hoje queima por dentro, como numa explosão atômica e não encontraremos o caminho do céu se não acordarmos e levantarmos para tomar as armas descritas por São Paulo quando profetizou esta situação final.
 “Portanto, tomai a armadura de Deus para que possais resistir no dia mau e estando aperfeiçoados em tudo.
“Estai pois firmes, tendo cingido os vossos rins com a verdade” [perfeitos na inteligência]
“E vestindo a couraça da justiça” [perfeitos na vontade]
“Tendo os pés calçados para anunciar o Evangelho da paz” [perfeitos na vida social]
“Sobretudo, tomai o escudo da , com que possais apagar todos os dardos inflamados dos piores” [perfeitos na religião]
“Tomai também o elmo da salvação e a espada do espírito que  é a palavra de Deus
“Orando continuamente em espírito com toda sorte de orações e de súplicas e vigiando nisto mesmo com toda perseverança”.
Dom Lourenço Fleichman OSB

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