terça-feira, 4 de agosto de 2015

Fátima e o 3ºsegredo




Uma predição de apostasia na Igreja
       E com respeito ao conteúdo do Segredo? Voltamos agora à frase reveladora «Em Portugal se conservará sempre o dogma da Fé etc.», que, como indicamos num capítulo anterior, aparece no fim do texto integral das duas primeiras partes do Grande Segredo na Quarta Memória de Lúcia.
       Sobre este ponto, devemos recordar o depoimento crucial do Padre Joseph Schweigl, a quem o Papa Pio XII confiou uma missão secreta: interrogar a Irmã Lúcia sobre o Terceiro Segredo. E foi o que ele fez no Carmelo de Coimbra, em 2 de Setembro de 1952. Ao regressar a Roma, o Padre Schweigl dirigiu-se à sua residência no Russicum e disse a um colega no dia seguinte:
       Não posso revelar nada do que ouvi sobre Fátima no que respeita ao Terceiro Segredo, mas posso dizer que tem duas partes: uma fala do Papa. A outra, logicamente (embora eu não deva dizer nada) teria de ser a continuação das palavras: ‘Em Portugal se conservará sempre o dogma da Fé’20.
       Confirma-se assim o que concluímos: que uma parte do Segredo é, de facto, a continuação da frase cuja conclusão o Vaticano tem ainda por revelar: «Em Portugal se conservará sempre o dogma da Fé etc.»
       Esta conclusão é corroborada por muitas outras testemunhas, incluindo as seguintes:
O Padre Agustín Fuentes
       Em 26 de Dezembro de 1957, o Padre Fuentes entrevistou a Irmã Lúcia. A entrevista foi publicada em 1958 com um imprimatur do seu Prelado, o Arcebispo Sánchez, de Veracruz, México. Entre outras coisas, a Irmã Lúcia disse o seguinte ao Padre Fuentes:
       Padre, a Santíssima Virgem está muito triste, por ninguém fazer caso da Sua Mensagem, nem os bons nem os maus: os bons, porque continuam no seu caminho de bondade, mas sem fazer caso desta Mensagem; os maus, porque, não vendo que o castigo de Deus já paira sobre eles por causa dos seus pecados, continuam também no seu caminho de maldade, sem fazer caso desta Mensagem. Mas - creia-me, Senhor Padre - Deus vai castigar o Mundo, e vai castigá-lo de uma maneira tremenda. O castigo do Céu está iminente.
       Senhor Padre, o que falta para 1960? E o que sucederá então? Será uma coisa muito triste para todos, não uma coisa alegre, se, antes, o Mundo não fizer oração e penitência. Não posso detalhar mais, uma vez que é ainda um segredo. (…)
       Esta é a Terceira parte da Mensagem de Nossa Senhora que ficará em segredo até 1960.
       Diga-lhes, Senhor Padre, que a Santíssima Virgem repetidas vezes - tanto aos meus primos Francisco e Jacinta como a mim - nos disse que ‘muitas nações desaparecerão da face da terra, que a Rússia seria o instrumento do castigo do Céu para todo o Mundo, se antes não alcançássemos a conversão dessa pobre nação’.
       Senhor Padre, o demónio está travando uma batalha decisiva contra a Virgem Maria. E como sabe que é o que mais ofende a Deus e o que, em menos tempo, lhe fará ganhar um maior número de almas, trata de ganhar para si as almas consagradas a Deus, pois que desta maneira deixa também o campo das almas desamparado e mais facilmente se apodera delas.
       O que aflige o Imaculado Coração de Maria e o Sagrado Coração de Jesus é a queda das almas dos Religiosos e dos Sacerdotes. O demónio sabe que os Religiosos e os Sacerdotes que caem na sua bela vocação, arrastam numerosas almas para o inferno(…) O demónio quer tomar posse das almas consagradas. Tenta corrompê-las para adormecer as almas dos leigos e levá-las deste modo à impenitência final21.
O Padre Alonso
       Antes de falecer em 1981, o Padre Joaquín Alonso, que foi o arquivista oficial de Fátima durante dezasseis anos, testemunhou o seguinte:
       Seria, então, de toda a probabilidade que (…) o texto faça referências concretas à crise da Fé na Igreja e à negligência dos Seus próprios Pastores [e às] lutas intestinas no seio da própria Igreja e de graves negligências pastorais por parte das altas Hierarquias22.
       No período que precede o grande triunfo do Imaculado Coração de Maria, sucederão coisas tremendas que são objecto da terceira parte do Segredo. Que coisas serão essas? Se “em Portugal, se conservará sempre o dogma da Fé”, (…) pode claramente deduzir-se destas palavras que, em outros lugares da Igreja, estes dogmas vão tornar-se obscuros ou chegarão mesmo a perder-se23.
       Falaria o texto original (e inédito) de circunstâncias concretas? É muito possível que não só fale de uma verdadeira ‘crise de fé’ na Igreja durante este período intermédio, mas ainda, como acontece com o segredo de La Salette, por exemplo, que haja referências mais concretas às lutas internas dos Católicos ou às deficiências de Sacerdotes e Religiosos. Talvez se refira, inclusivamente, às próprias deficiências da alta Hierarquia da Igreja. Por isso, nada disto é alheio a outros comunicados que a Irmã Lúcia tenha feito sobre este assunto24.
O Cardeal Ratzinger
       Em 11 de Novembro de 1984, o Cardeal Ratzinger, chefe da Congregação para a Doutrina da Fé, deu uma entrevista à revista Jesus, uma publicação das Irmãs Paulinas. Intitulava-se “Aqui está o motivo de a Fé estar em crise”, e foi publicada com a autorização explícita do Cardeal. Nesta entrevista, o Cardeal Ratzinger admite que uma crise da Fé está a afectar a Igreja em todo o Mundo. Neste contexto, revela que leu o Terceiro Segredo, e que este se refere a «perigos que ameaçam a Fé e a vida do Cristão, e, consequentemente, do Mundo».
       O Cardeal confirma assim a tese do Padre Alonso, segundo a qual o Segredo se refere a uma apostasia generalizada na Igreja. Na mesma entrevista, o Cardeal Ratzinger diz que o Segredo também se refere à «importância dos Novissimi [os últimos tempos / as últimas coisas]», e que, «se não foi tornado público, pelo menos por agora, foi para impedir que a profecia religiosa viesse a descambar no sensacionalismo (…)» O Cardeal mais revela que «o conteúdo deste ‘Terceiro Segredo’ corresponde ao que é anunciado nas Sagradas Escrituras e que tem sido dito, muitas e muitas vezes, em várias outras aparições de Nossa Senhora, a começar por esta, de Fátima, no seu conteúdo já conhecido»25.
D. Alberto Cosme do Amaral
       Completamente de acordo com o Cardeal Ratzinger está D. Alberto Cosme do Amaral, terceiro Bispo de Fátima. Num discurso em Viena de Áustria, em 10 de Setembro de 1984, disse o seguinte:
       O conteúdo [do Terceiro Segredo] diz respeito, unicamente, à nossa Fé. (…) Identificar o [Terceiro] Segredo com anúncios catastróficos ou com um holocausto nuclear é deformar o sentido da mensagem. A perda de Fé de um continente é pior do que o aniquilar de uma nação; e a verdade é que a Fé está continuamente a diminuir na Europa26. [ênfase acrescentada]
O Cardeal Oddi
       Em 17 de Março de 1990, o Cardeal Oddi fez a seguinte declaração ao jornalista italiano Lucio Brunelli, publicada no jornal Il Sabato:
       Ele [o Terceiro Segredo] não tem nada a ver com Gorbachev. A Santíssima Virgem estava a avisar-nos contra a apostasia na Igreja.
O Cardeal Ciappi
       A estas testemunhas devemos acrescentar as palavras do Cardeal Mario Luigi Ciappi, que era, precisamente, o Teólogo pessoal do Papa João Paulo II. Numa comunicação particular com um certo Professor Baumgartner, em Salzburgo, o Cardeal Ciappi revelou que:
       No Terceiro Segredo prediz-se, entre outras coisas, que a grande apostasia na Igreja começará pelo cimo27.
       Todos estes testemunhos concordam com o que a própria Irmã Lúcia disse repetidas vezes - não só ao Padre Fuentes, acima citado, mas a muitas outras testemunhas fidedignas. Embora esteja limitada pelo seu compromisso de não divulgar o conteúdo preciso do Terceiro Segredo, os seus comentários, feitos a testemunhas de crédito, estão cheios de referências a homens da Igreja ... «engana[dos] por falsas doutrinas»; a uma «desorientação diabólica» que afecta «tantas pessoas que ocupam lugares de responsabilidade» na Igreja; a «Sacerdotes e (...) almas consagradas» que «andam tão iludidas e tão transviadas» porque o demónio «tem conseguido infiltrar o mal com capa de bem (...) tem consegiudo iludir e enganar almas cheias de responsabilidade, pelo lugar que ocupam! (...) São cegos a guiar outros cegos!»28.
Pio XII confirma
que o Segredo prevê a apostasia na Igreja
       Mas o testemunho talvez mais notável de todos, quanto a este assunto, embora de uma relevância indirecta, é o do Cardeal Eugenio Pacelli - antes de se tornar o Papa Pio XII - quando ainda era Secretário de Estado do Vaticano durante o reinado de Pio XI. Falando ainda antes de a Irmã Lúcia ter escrito o Terceiro Segredo, o futuro Pio XII fez uma profecia espantosa sobre uma futura convulsão na Igreja:
       As mensagens da Santíssima Virgem a Lúcia de Fátima preocupam-me. Esta persistência de Maria sobre os perigos que ameaçam a Igreja é um aviso do Céu contra o suicídio de alterar a Fé na Sua liturgia, na Sua teologia e na Sua alma. (…) Ouço à minha volta inovadores que querem desmantelar a Capela-Mor, destruir a chama universal da Igreja, rejeitar os Seus ornamentos e fazê-lA ter remorsos do Seu passado histórico.
       O biógrafo do Papa Pio XII, Monsenhor Roche, anotou que neste momento da conversa, Pio XII disse então (em reposta a uma objecção):
       Chegará um dia em que o Mundo civilizado negará o seu Deus, em que a Igreja duvidará como Pedro duvidou. Ela será tentada a acreditar que o homem se tornou Deus. Nas nossas igrejas, os Cristãos procurarão em vão a lamparina vermelha onde Deus os espera. Como Maria Madalena, chorando perante o túmulo vazio, perguntarão: “Para onde O levaram?”29.
       É realmente espantoso notar que o futuro Papa relacionava esta intuição aparentemente sobrenatural da devastação que se aproximava da Igreja especificamente com «as mensagens da Santíssima Virgem a Lúcia de Fátima» e com «esta persistência de Maria sobre os perigos que ameaçam a Igreja». Uma tal predição não teria qualquer sentido se se baseasse nas primeiras duas partes do Grande Segredo, que não mencionam coisas como «o suicídio de alterar a Fé na Sua liturgia, na Sua teologia e na Sua alma», ou «inovadores que querem desmantelar a Capela-Mor, destruir a chama universal da Igreja, rejeitar os Seus ornamentos e fazê-lA ter remorsos do Seu passado histórico.» E também não há qualquer indicação, nas duas primeiras partes, de que «Nas nossas igrejas, os Cristãos procurarão em vão a lamparina vermelha onde Deus os espera».
       Como é que o futuro Papa Pio XII sabia estas coisas? É evidente que lhe foi concedido um vislumbre sobrenatural, ou que tinha conhecimento directo de que uma parte das «mensagens da Santíssima Virgem a Lúcia de Fátima», que até então não tinha sido revelada, previa estes acontecimentos futuros na Igreja.
       Em resumo, todos os testemunhos acerca do conteúdo do Terceiro Segredo, desde 1944 até pelo menos 1984 (a data da entrevista de Ratzinger), confirmam que este se refere a uma perda catastrófica da Fé e da disciplina na Igreja, abrindo uma brecha às forças há tanto tempo alinhadas contra Ela - os “inovadores” que o futuro Papa Pio XII ouvia “à minha volta”, clamando pelo desmantelamento da Capela-Mor e por mudanças na liturgia e na teologia católicas.
       Como demonstraremos, esta brecha começou a ter lugar em 1960, precisamente no ano em que, como a Irmã Lúcia tinha insistido, a terceira parte do Segredo devia ser revelada. Mas, antes de voltarmos àquele ano decisivo - quando começou a dar-se o grande crime de que falamos -, temos de discutir primeiro o motivo que precedeu o crime. É o que iremos agora fazer.

Fonte: http://www.devilsfinalbattle.com/port/ch4.htm

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